sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

M to N no Shouzou - O perfil de uma masoquista e de um narcisista


“M to N no Shouzou” é um dos meus mangás preferidos e eu nunca me canso de relê-lo. Em poucos capítulos, a autora nos transmite uma divertida, romântica e original história que trabalha com aspectos interessantes da personalidade reunidos de um modo imbatível. Embora “Gakuen Alice” faça um sucesso impressionante entre as leitoras japonesas e americanas, não há quem não goste desses dois volumes ao lê-los, isso por conta da incrível habilidade da Taniguchi em elaborar personagens com características singulares e personalidades fortes e contrastantes, o que nos prende na história do início ao fim. Ah, e eu já comentei que até mesmo a one-shot que acompanha os capítulos do mangá é excelente? Não? Bem, talvez seja desnecessário alertar tal coisa já que estamos falando de uma obra da Higuchi*. Um de seus primeiros trabalhos, mas ainda assim, uma obra.
: A história- que nos é contada em atos como em uma peça de teatro- nos apresenta dois personagens. Mitsuru Abe é uma belíssima garota, sempre séria e calada, que vem de uma rica família, sendo considerada por muitos, uma dama. Natsuhiko, por sua vez, é um garoto com cara de nerd que parece ser um daqueles personagens secundários e lesados, mas que quando tira os óculos mostra ser realmente lindo e muito parecido com o personagem do mangá que Mitsuru adora. O destino dos dois se une quando eles, acidentalmente, descobrem o maior segredo um do outro. Mitsuru, a dama, na verdade, é uma masoquista- motivo pelo qual, ela se comporta estranhamente após receber um tombo e ralar o joelho. Natsuhiko, aparentemente um garoto normal, é na verdade, um grande narcisista e esse é o motivo pelo qual ele usa óculos mesmo tendo a visão perfeita. Para não enxergar bem o próprio reflexo. Como ambos passam por difíceis condições durante o dia-a-dia, eles decidem se ajudar, tornando-se amigos. O problema é que visivelmente há mais do que amizade no relacionamento dos dois e isso é percebido principalmente através de Mitsuru, o que leva a garota a ser perseguida por suas colegas.
A parte que eu adoro nesse mangá, é o modo como a autora lidou de maneira brilhante com a personalidade de cada personagem. Além de justificar com perfeição e naturalidade o que os levou a ser assim, ela explora cada aspecto do masoquismo e do narcisismo, usando o senso de humor e algumas questões reflexivas sobre o tema. A pergunta “Os narcisistas realmente conseguem amar alguém?” é bastante interessante e mostra-se significativa no decorrer da trama, quando torna-se claro que o protagonista sente algo por Abe. As cenas em que os dois revelam sua “verdadeira natureza” também são incríveis e hilárias, sempre nos encantando e nos levando a sorrir. Particularmente, achei o final um tanto vago, cria muita expectativa, entende? Entretanto, eu também não me sentiria à vontade se a autora colocasse um final melodramático, já que a história possui um tom muito natural e bem-humorado, não combinando com esse tipo de coisa. Vale lembrar, que o casal Abe e Natsuhiko deve ser considerado, no mínimo, interessante. Desde o primeiro capítulo, torna-se claro que Abe ama Natsuhiko, mas o garoto apresenta certa resistência que só começa a ser quebrada com o aparecimento de um novo personagem. Este, além de criar ciúmes no protagonista, é muito, muito engraçado por ter uma terrível fobia de cachorros. Enfim, com personagens excelentes e bastante originais, um enredo criativo e divertido, além de cenas “kawaai” que são a especialidade da autora, “M to N no Shouzou” é um ótimo e – infelizmente- breve mangá, que deve ser lido.
Ah. E a cena em que o personagem realiza seus verdadeiros sentimentos é incrível. É como se você conseguisse, apenas através da imagem, conseguir entender tudo que está se passando na mente dele e principalmente, em seu coração.
Não, não existe uma adptação em anime. Obras curtas raramente são "animadas" e essa não é uma exceção a regra. Infelizmente. Eu adoraria descobrir quem seria a seyuu da Abe...-____-

Her Majesty’s Dog - "O cachorro de vossa Majestade"


No começo do mangá, a autora diz algo muito engraçado. Diz que a maior parte das pessoas só começou a ler o mangá devido ao nome dele, que foi muito bem recebido. Bem, eu fui uma dessas. Adoro histórias em que o cara é o cachorro da garota e fico feliz em ver que isso está sendo muito usado pelos autores japoneses nos últimos tempos. Entretanto, não se engane pelo nome bonitinho que sugere um shoujo clichê. “Her majesty’s dog” é um daqueles shoujos que lhe fazem aprender que nem sempre mangás para garotas precisam conter purpurina, flores e açúcar. Esse é um shoujo sim, mas que shoujo! Com elementos de fantasia e ação, “Her Majesty’s Dog” poderia facilmente ser comparado com “Inuyasha” em vários quesitos e honestamente não entendo porque a obra não é mais popular. Ela é excelente e tem um pouco de tudo! Romance, comédia, drama, ação...Tudo isso em um ótimo roteiro com personagens cheios de personalidade. Em resumo? É um tapa na cara de todos os meninos e até meninas que já abriram a boca para dizer que todos os shoujos são iguais.

A estória do mangá, em resumo, seria esta: Amane é uma jovem que é constantemente maltratada por suas colegas de classe devido ao seu comportamento frio e ao seu relacionamento com Hyoue, um garoto atraente que, APARENTEMENTE, namora com ela. Outro fator irritante na garota, seria o fato dela agir como a “rainha do gelo” com todos, mas ser altamente explicita com Hyoue, beijando-o mesmo na frente dos colegas de classe. Aparentemente, ela é apenas uma garota frágil e ingênua que é vítima de seus colegas, mas logo no primeiro capítulo descobrimos que ela possui uma kotodama- digamos que é uma espécie de poder especial- que lhe confere a habilidade de controlar qualquer ser, apenas citando seu nome e que Hyoue não é seu namorado, mas um demônio que lhe serve em troca de sua energia vital que é transmitida através de – isso mesmo – beijos. A partir do primeiro capítulo, ela faz amizade com outra garota e os três passam por diversas situações para se protegerem contra diversos espíritos e demônios e para esconderem a verdadeira identidade de Amane e de Hyoue para que os habitantes de sua vila não a levem de volta. Apesar do roteiro simples, a autora conseguiu criar uma história extremamente interessante, mesclando ação, drama, comédia e romance nas proporções certas. Os próprios personagens são cativantes. Amane apesar de aparentar ter uma personalidade fria, na verdade, é muito inocente e isso a torna alguém que é amada por todos. Hyoue é um verdadeiro guarda-costas, possui uma personalidade agitada, é muito ciumento e teimoso e sua verdadeira forma – a de um tigre, com dois chifres- é freqüentemente confundida com a de uma vaca(XDDD). E a amiga de Amane é uma garota normal, mas que possui um temperamento forte e é bastante leal. Os três juntos formam um grupo bastante singular que vão enfrentando desafios cada vez mais difíceis a medida que o tempo vai passando.

“Her majesty’s dog” é muito melhor do que muitos shoujos e shonens e realmente não entendo como a história não é mais popular. A história é extremamente interessante, os personagens são ótimos e o traço é consistente. Acredito que para algumas leitoras, o mangá possa ser um pouco pesado, mas esse motivo não é suficiente para não ser lido.

Embora o tema inicial da história, seja apenas a resistência de Amane a retornar a sua vila, com o tempo, os sentimentos de Hyoue são mais ressaltados quando é abordado o tema da relação dos demônios com seus mestres. Como há uma subordinação e como os humanos são efêmeros em relação aos demônios que precisam encontrar novos donos para poderem se alimentar, relações afetivas são realmente complicadas, principalmente, as amorosas. É impossível negar- e veja que meus spoilers nesta sessão não são muito avançados- que Hyoue ama Amane, mas ele não pode se declarar para ela e ela tão pouco compreende seus sentimentos. A autora fez uma comparação interessante entre os dois quando os colocou nos papéis principais de “A Bela e a Fera”. Durante a atuação, é impossível não identificar Hyoue com o seu papel na peça. Amane é alguém cuja kotodama é extremamente poderosa, então ela sempre foi temida, respeitada e colocada em uma posição social elevada pelos outros moradores da vila. Hyoue, por sua vez, era apenas um demônio que passou duzentos anos sem adquirir um dono, até o aparecimento dela. Por isso mesmo, o número dos que se opõem ao romance – antes mesmo dele acontecer – é imenso. Pobre Hyoue...

Enfim, esse é um mangá muito, muito bom. Como diria a Renge, eu poderia comer cinco pratos disto.T.T

domingo, 3 de janeiro de 2010

Faster than a Kiss - "Mais rápido do que um beijo"


“Faster than a Kiss” é uma história que não poderia deixar de estar aqui. Ela realmente é uma das melhores histórias desconhecidas que já encontrei e nos conquista do início ao fim. Para ser sincera, o que eu realmente aprecio na autora é o seu modo de nos mostrar as várias faces do amor em meio ao relacionamento de um professor e sua aluna que também não deixa de ser um amor entre um homem adulto e uma adolescente. Por mais que você tente não vai conseguir achar o romance do casal protagonista um “tabu” tendo em vista a naturalidade e a pureza do sentimento entre eles. Além disso, há um respeito mútuo que é muito raro em casais de shoujo que, geralmente, fazem da vida um do outro um inferno de diversas maneiras, seja brigando, desprezando, vendo o outro como um(a) irmã(o), se mudando, morrendo e etc. Os dois, claro, possuem suas briguinhas habituais, mas, bem, são coisas de casais. E nesse caso eles são um casal no sentido bíblico da palavra. Embora o impacto da palavra não combine nada com o cotidiano agitado e engraçado dos dois.
Fumino Kaji é uma adolescente de dezesseis anos, dotada de um imenso senso de justiça, que perde seus pais e que junto a seu irmão, Tenpei, passa pela casa de diversos parentes até acabarem na rua por não conseguirem se enquadrar em nenhuma casa. Na rua e no desespero, aparece um homem querendo comprá-la(no mal sentido da palavra). Calma. Não é o protagonista. Ele aparece logo em seguida, batendo nesse homem e convidando Kaji-san para ir ao seu apartamento. Ele é seu professor de inglês, Ojiro Kazuma, o único que procurou pelos dois. Apesar da gentileza do ato, Fumino reclama com ele, pois diz que precisa de dinheiro e que não quer a pena dele e se recusa a acompanhá-lo, nesse ponto começa a discussão que define a história do mangá:
- Não é por pena!
- AH, É MESMO!?! ENTÃO VOCÊ PODE CASAR COMIGO E NOS SUSTENTAR!?! EU DUVIDO!
- SIM, EU POSSO!!!!

E impulsivamente, os dois decidem se casar, formando o casal mais estranho do mundo. Algumas coisas práticas são estabelecidas no cotidiano deles, como o comprometimento em manter segredo do casamento e os cosplays de “jovem esposa” que devem ser vestidos por Fumino a fim de que Ojiro lhe prepare o jantar, assim os dois podem viver uma vida relativamente normal. Entretanto, apesar dos dois viverem na mesma casa, há algo que Fumino não pode deixar de notar: Ojiro não toca nela. Talvez pela diferença de idade, talvez porque ele não tinha nenhum interesse a não ser o de ajudá-los quando se casou com ela, mas gradativamente, isso vai tornando a garota bastante insegura, afinal, ao contrário dele, ela realmente o vê como um homem e deseja ser tocada (embora se ache uma pervertida por isso) por ele, mas ao mesmo tempo não deseja ameaçar seu emprego. Conflitos devido à suposta indiferença dele tornam-se comuns ao decorrer do mangá, mas à medida que eles ocorrem os sentimentos dos personagens tornam-se claros e as situações vividas por eles mais cativantes e divertidas. O passado de Ojiro, apesar de ser fonte de preocupações para Fumino, é muito engraçado já que o gentil e atrapalhado professor de inglês era um delinqüente de marca maior conhecido como “O infernal Maa-kun”, isso nos é revelado através do divertido e pervertido Ryu, melhor amigo de Maa-kun(apelido oficial de Ojiro) e professor de Tenpei que é o único a conhecer o segredo dos dois. E assim, a vida dos quatro vai se passando perante os nossos olhos e o relacionamento de Fumino e seu professor nos parece cada vez mais interessante.
Os personagens da série são irresistíveis! Além de nos fazerem rir, eles são os protagonistas de cenas inacreditavelmente adoráveis! Tenpei-kun é muito fofo- embora pareça um pouco com uma menina-, Ryu e Kazuma são muito divertidos e nossa protagonista possui uma personalidade forte e fica embaraçada facilmente o que é uma mistura da meiguice de Tenpei com o lado divertido dos personagens masculinos. O título “Faster than a Kiss” significa “Mais rápido que um beijo” e diz respeito ao fato dos dois já terem se casado, antes mesmo de darem um beijo. O beijo, inclusive, será o grande ápice da série já que a autora faz questão de adiá-lo ao máximo para dar ênfase ao titulo. Como Fumino-san nunca beijou e seu professor parece se esforçar para respeitá-la, o beijo nunca ocorre. Pelo menos, não na boca. Maa-kun é um homem e ele obviamente sente algo por Fumino, então há vezes em que o contato físico é inevitável e já que ele não pode beijá-la na boca, vários outros tipos de carícias são feitas no decorrer do mangá que torna-se cada vez mais sedutor assim como o próprio personagem . Beijos no pescoço, no colo, nos braços, na nuca e na mão já foram dados. Tenho medo de pensar onde serão os próximos. De qualquer modo, seja protegendo-a de gangsters, forçando-a a usar cosplays de “jovem esposa”, beijando-a em todas as partes de seu corpo, exceto na boca, ficando com ciúmes de um aluno interessado nela, implicando com ela por causa do casamento, de seus peitos, de suas brigas ou de suas vãs tentativas de seduzi-lo, o protagonista definitivamente não nos parece um professor, mas um cara. E o pior, um cara atraente.